quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Do Que Nada Se Sabe

A lua ignora que é tranquila e clara
E não pode sequer saber que é lua;
A areia, que é a areia. Não há uma
Coisa que saiba que sua forma é rara.
As peças de marfim são tão alheias
Ao abstracto xadrez como essa mão
Que as rege.Talvez o destino humano,
Breve alegria e longas odisseias,
Seja instrumento de outro.Ignoramos;
Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta.
Em vão também o medo, a angústia, a absorta
E truncada oração que iniciamos.
Que arco terá então lançado a seta
Que eu sou?Que cume pode ser a meta?

Jorge luis Borges in" A Rosa Profunda"

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